Número de mulheres empresárias cresceu 34% nos últimos 15 anos no Paraná

 

Para marcar o Dia Internacional da Mulher, a Cultura Inglesa, unidade Água Verde, realizou encontro entre mulheres empreendedoras, alunos, professores e comunidade local na última sexta-feira (dia 06). Aproveitando a comemoração, as mulheres reuniram-se na escola para apresentar seus produtos e trocar experiências de negócio.

Esse evento foi pensando em função do aumento do número de mulheres que possuem seu próprio negócio. Relatório sobre o empreendedorismo feminino divulgado pelo Sebrae em 2019, mostrou que o número de mulheres “chefes de família” passou de 38% para 45% no ano passado. Em 42% dos lares, elas vivem apenas com os filhos, ou seja, sem cônjuges ou companheiros. O varejo é ainda o ramo de atividade que mais atrai as mulheres.  Em torno de 61 mil estão à frente de franquias e os gêneros que elas mais empreendem são beleza e alimentação, ambos com 77% de presença feminina.

Uma das mulheres que participou do encontro foi Carolina Dellê, empreendedora, 34 anos, formada em gastronomia. Ela conta que a ideia de empreender no ramo alimentício é tradição na sua família. A avó, de quem executa muitas receitas até hoje, era doceira e atendia encomendas para ajudar na renda familiar. Carol, como é conhecida dentro da Cultura, possui uma forte ligação com a escola e com os doces.

“Eu posso atribuir a minha decisão de empreender à Cultura Inglesa. Comecei aqui como secretária, saí para fazer a minha formação e fui convidada a voltar para a escola e administrar o café daqui. É nesse espaço que vendo os doces, além de atender demanda de eventos e encomendas”, destacou.

União feminina para combater as desigualdades

Mesmo com altos números de mulheres empreendedoras no mercado de trabalho, algumas diferenças fazem parte do dia a dia delas. A pesquisa do Sebrae revelou ainda que mesmo tendo escolaridade 16% superior aos homens, as mulheres continuam ganhando 22% a menos que os colegas empresários. Para a gerente da unidade Água Verde, Jordana Mazzarotto, eventos como o realizado são oportunidades de incentivar a união entre as mulheres.

“Temos uma grande diversidade de comércio na região e grande parte deles são comandados por mulheres. Como muitas alunas aqui da escola também são empreendedoras, optamos por esse encontro como forma de quebrarmos um pouco a visão de que as mulheres são concorrentes entre si e de demonstrar que elas podem se ajudar, criar uma rede e apoiarem-se mais para terem sucesso nos seus negócios”, destacou Jordana.

A decisão por empreender acontece por muito motivos. O principal deles, de acordo com levantamento do Instituto Rede Mulher Empreendedora, é a maternidade. Pesquisa realizada mostrou que 75% das mulheres decidiram ter seu próprio negócio após tornarem-se mães. Essa foi a situação enfrentada por Andrea Alves Peres, 42, empreendedora no ramo de alimentação fitness que participou do encontro promovido pela Cultura Inglesa Curitiba.

Com o nascimento de seu segundo filho e funcionária de uma instituição financeira que passava por transição, Andrea analisou a situação e preferiu fazer um acordo com a empresa, visto que mulheres com filhos estavam sendo demitidas. Ao retornar ao mercado de trabalho, Andrea também enfrentou o preconceito por ser mulher e mãe. “Fui fazer uma entrevista e a recrutadora me perguntou quem levaria meus filhos ao médico quando adoecessem. Respondi que seria eu mesma e no mesmo instante o tom da entrevista mudou, e notei na expressão facial dela a reprovação da minha resposta”, contou.

A partir desta situação, Andrea começou a fazer bolos saudáveis e hoje é proprietária da marca de granola low carb Josefina´s. “Sempre cozinhei e gosto muito. Tenho algumas deficiências nutricionais e a partir delas decidi juntar o meu dom com a necessidade de uma qualidade de vida melhor, e assim nasceu minha marca”, relatou Andrea.

A estudante da Cultura Inglesa Flavia Passarelli, de 24 anos, que também prestigiou o evento da Cultura, acredita que a ação é uma excelente oportunidade para troca de experiências. “Cada vez mais as mulheres se encorajam para enfrentar o mercado e, para isso, elas precisam se apoiar, se ajudar e não ver a outra empreendedora como uma concorrente. Acredito que encontros como esse fortalecem a experiência entre as mulheres e mostram que há espaço para todas”, enfatizou.

Rede de apoio ao empreendedorismo

Uma das formas de apoiar o empreendedorismo feminino é incentivar a busca por formação, conhecimento e informações. Em Curitiba, é possível realizar encontros e cursos com esse propósito. Instituições como a Associação Comercial do Paraná (ACP), Sebrae, Prefeitura de Curitiba e outras oferecem cursos de formação especializados para o incentivo do empreendedorismo feminino. Confira algumas sugestões:

  • Conselho da Mulher Empresária: fundado em 1983, o Conselho da Mulher Empresária é uma iniciativa da ACP que visa representar as mulheres empreendedoras do comércio, da indústria e dos serviços. Também fazem parte executivas, profissionais liberais e empresárias do setor agrícola.
  • Empreendedora Curitibana: criado pelo Vale do Pinhão, da prefeitura de Curitiba, este programa busca fomentar o empreendedorismo feminino, promovendo encontros, palestras e workshops gratuitos. Além de impulsionar negócios liderados por mulheres, o Empreendedora Curitibana cria oportunidades de networking e colaboração.
  • Programa Banco da Mulher Paranaense: o Programa do Governo do Estado tem como objetivo incentivar o empreendedorismo feminino em todos os setores econômicos. Gerenciado pela Fomento Paraná, oferece financiamentos com taxas de juros mais baixas. O crédito varia de acordo com o porte do empreendimento e vai de R$1 mil a R$500 mil.
  • Mex Brasil – Mulheres Executivas: o grupo, que é independente, tem a missão de estimular o fomento de negócios e fortalecer as relações empresariais. O movimento reúne mensalmente mulheres executivas e empreendedoras em cargos de gestão nas pequenas, médias e grandes empresas.
  • Grupo Nacional Mulheres no Varejo: o grupo formado por mulheres que atuam direta ou indiretamente no varejo tem como objetivo a transformação social e o incentivo a práticas de igualdade de gênero e o empoderamento das profissionais do segmento.